Prédio histórico de Americana abriga escola de samba

Postado por Tempero Cultural

Por Juan Franscesco Piva

Há três anos, o prédio da primeira instituição de ensino construída em Americana serve de sede para Escola de Samba e ONG (Organização Não-Governamental) Imperatriz Americanense. Situada na Avenida Carioba, 1.600, Bairro Carioba, a casa é tida como patrimônio histórico da cidade. A história também registra que o primeiro asfalto da América Latina é a via de acesso para o local.

O tempo passou e o que resta da escola é apenas uma construção que necessita de reforma. A casa mantém os traços originais. É zelada pelo decorador Celso Pires, 40, também presidente da escola de samba e pela família dele. Pires reside no local e utiliza o espaço para confeccionar e guardar fantasias, além de promover os ensaios da Imperatriz.

Graças à renovação contratual anual com a prefeitura, o presidente da escola de samba pode usufruir do espaço. Todo ano, Pires se responsabiliza em desenvolver o cronograma dos desfiles temáticos, que variam conforme o período - Carnaval, Páscoa, Natal, entre outros. Depois, encaminha o projeto à prefeitura e, se aprovado, recebe uma ajuda de custo, porém, "não suficiente para desenvolver bons desfiles", como adverte.

Em 2009, por exemplo, a prefeitura contribuiu com cerca de R$ 10 mil; no entanto, o dinheiro gasto foi de R$ 40 mil. O valor conquistado em premiações não ultrapassou R$ 4 mil. Sendo assim, Pires afirma que sempre coloca de seu bolso a quantia que falta.

O local também conta com um projeto de aulas de capoeira destinado a toda a população de Americana. O monitor e professor de capoeira Erson dos Santos (Nanico), 27, e o também professor de capoeira Kelson José Silva (Tamanduá), 29, são os organizadores. Eles receberam o apoio de Pires e utilizam o espaço para graduar pessoas interessadas na prática do esporte. As aulas ocorrem todas as quintas-feiras, a partir das 19h.

A história da cidade depende do antigo prédio para ser contada, principalmente no que se refere ao Bairro Carioba, que nasceu com a indústria têxtil de Americana. Neste bairro, moravam os trabalhadores da Fábrica de Tecidos Carioba - nome proveniente da expressão indígena tupi-guarani que significa ‘pano branco’. Devido a problemas no mercado internacional e à abolição da escravatura, em 1896 a firma foi fechada.

Além da primeira escola, também existiam cinema, farmácia, loja de secos e molhados, leiteria e o famoso Clube de Regatas Carioba, todos oriundos do crescimento do bairro com a chegada de imigrantes italianos e pessoas das mais diversas localidades brasileiras à procura de emprego. Era a origem da Vila Operária de Carioba.

Atualmente, muitos habitantes da cidade não conhecem a história do bairro. "É uma pena que o povo em geral não esteja preocupado com os patrimônios da cidade, mas sim com sua própria sobrevivência. Hoje em dia, já se fala em cultura e isso é um avanço. Acredito que no futuro daremos mais atenção. Quanto à prefeitura, ela precisa de parceiros fortes que possam investir nos patrimônios da cidade.

Como agora o momento é sair da crise mundial, nossa espera é de dias melhores para todos, assim podemos pensar em parcerias", indica a administradora da Casa de Cultura Hermann Müller (localizada no Bairro Carioba e também considerada um patrimônio histórico da cidade), Clélia Bruschi. "A história do bairro em si é muito triste, o único motivo para nos alegramos hoje em dia com o local é a promoção do Carnaval e de alguns projetos culturais", lembra Silva.

Clélia relatou ainda que existe um projeto para o bairro, porém, a prefeitura não deu mais informações. Com base em uma reunião que teve com membros da Secretaria de Cultura de Americana, Pires confirmou que a atual sede da Imperatriz deverá ser restaurada.


Para isso, a escola de samba seria encaminhada a alguma tecelagem abandonada nas proximidades, sob posse da prefeitura. "Não importa o local, somente que a cultura e o Carnaval permaneçam vivos nos corações das pessoas", conclui o presidente da escola de samba.


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Casa de Cultura Hermann Muller

Fonte: Tempero Cultural

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